FESTA DE YABAS

 Desculpe pelo tempo sem postagens mas as coisas nesta época fica cada vez mais corrida, mas agora as postagens serão semanalmente.  


 Mais visitas, estive neste sábado dia 17 de dezembro (2011) em uma festa muito gostosa de YABÁS na casa de Pai Robson de Odé  No Aracaré em Itaquaquecetuba, uma noite memorável, muito familiar e linda como uma festa de yabás  tem que ser. 



O toque foi conduzido pelo Babá Wilhans de Xango e um conjunto de ogans que mandaram muito bém.








Pai Galdimo ty Odé (a direita)
Pai Joãozinho do Aracaré (centro)
Mãe Iara de Oya 










Pai Morais de Ogum e o Alabe de Odé










Pai Luis Carlos de Ogum e sua família também estiveram abrilhantando a festa.










                                                Oxum de Pai Robson Recebeu um balaio digno de sua beleza e grandeza...
Oxum teve que se esforçar um bocado pra carregar o balaio de tão grande, quanto belo...






...depois de passar para todas as Yabás, entregou a Logunedé... 





após o balaio Oxum e Logum trocaram caricias maternas que emocionou muito...

EXÚ O ORIXÁ, MAIS PRÓXIMO DO HOMEM, POLEMICO, IRREVERENTE, CRUEL SENHOR DA CARIDADE. E JUSTO!

 Falar de Exú e muito complicado tendo em vista que ele é um ser enigmático, mas podemos entender a diferença entre o  egrégora (espirito que nos acompanha, nos vigia) e o Orixá (divindade africana, criação do inicio). Essas entidades que encorporam as pessoas são os egrégoras, espíritos desencarnados que voltam para para terminar as suas missões e auxiliar as pessoas nas suas; e assim acabam terminando o que faltam, para alcançar em seu caminho. Por alguns motivos que desconhecemos, esses são associados a Exú, levam consigo algumas características do orixá, mas são espíritos. e tem sua função dentro do panteão dos orixás como escravos (termo usado para os que realizam os desejos do orixás em nosso mundo), veja um pouco da personalidade de Exú descrita nesta poesia:  


EU SOU EXÚ!


 NÃO SOU PRETO, BRANCO OU VERMELHO
TENHO AS CORES E FORMAS QUE QUISER.
NÃO SOU DIABO NEM SANTO, SOU EXU!
MANDO E DESMANDO,
TRAÇO E RISCO
FAÇO E DESFAÇO.
ESTOU E NÃO VOU
TIRO E NÃO DOU.
SOU EXU.
PASSO E CRUZO
TRAÇO, MISTURO E ARRASTO O PÉ
SOU REBOLIÇO E ALEGRIA
RODO, TIRO E BOTO,
JOGO E FAÇO FÉ.
SOU NUVEM, VENTO E POEIRA
QUANDO QUERO HOMEM E MULHER
SOU DAS PRAIAS, E DA MARÉ.
OCUPO TODOS OS CANTOS.
SOU MENINO, AVÔ, MALUCO ATÉ
POSSO SER JOÃO, MARIA OU JOSÉ
SOU O PONTO DO CRUZAMENTO.
DURMO ACORDADO E RONCO FALANDO
CORRO, GRITO E PULO
FAÇO FILHO ASSOBIANDO
SOU ARGAMASSA
DE SONHO CARNE E AREIA.
SOU A GENTE SEM BANDEIRA,
O ESPETO, MEU BASTÃO.
O ASSENTO? O VENTO!
SOU DO MUNDO, NEM DO CAMPO
NEM DA CIDADE,
NÃO TENHO IDADE.
RECEBO E RESPONDO PELAS PONTAS,
PELOS CHIFRES DA NAÇÃO
SOU EXU.
SOU AGITO, VIDA, AÇÃO
SOU OS CORNOS DA LUA NOVA
A BARRIGA DA RUA CHEIA!...
QUER MAIS? NÃO DOU,
NÃO TOU MAIS AQUI


Isso descreve bem como é Exú, só não acredite que sabe tudo pois Exú e muito mais!

SINCRETISMO; DEFESA OU VERGONHA?

 Muitas vezes ao jogar pra algum cliente leigo ou conversar com desconhecedor da nossa religião, e muito comum ao dizer o nome de algum orixá à pessoa perguntar: “que santo e esse na igreja católica!”. Isso é o que mais se ouve, e ao explicar surgem outras perguntas tais como: Mas os santos e os orixás não são os mesmos? Por que então dizem que São Jorge é Ogum? E aí vão as perguntas, um dos erros dos zeladores hoje é justamente não deixar claro esse equivoco.
 O sincretismo foi um fato necessário, mas vergonhoso de nossa história os nossos ancestrais foram escravizados forçados a aceitar uma religião contraria a deles, e tudo lhes foram imposto, e a única saída que tiveram para continuar a adorar aos nossos orixás, foi esconder atrás das imagens de santos católicos.
 Os escravos faziam os assentamentos dos seus orixás, guardava em baixo de pequenos altares feitos dentro das senzalas, coberto com toalhas brancas e colocavam em cima imagens de santos católicos que eles achavam que as suas historias eram semelhantes ou tinham algo de parecido com determinado orixá, e assim quando os senhores lhe perguntavam o que era aquilo diziam que era um altar para tal santo, e até entre eles passam a se referir aos orixás por meio de nomes dos santos católicos, muitos quando descobertos, eram mortos por blasfêmia, heresia ou feitiçaria, para que servissem de exemplo para os outros não adorar os deuses africanos que eram vistos como demônios, só que parece que essa escravidão não acabou quando nos referimos aos nossos orixás usando esse sincretismo.
 Algumas religiões que nasceram no Brasil como a Umbanda utilizam as imagens católicas em seus altares, até compreensivo conhecendo a sua historia, e imperdoável ver esse tipo de adoração a imagens católicas dentro das roças de candomblé de qualquer nação, levando em conta que muitos de nossos ancestrais foram mortos, e esse sincretismo era uma forma de esconder o nosso orixá e hoje não temos que esconder, pelo contrario temos que nos orgulhar o expor cada vez mais a nossa religião, temos liberdade para isso!  

O SANGUE DO ORIXÁ É VERDE!!!


Hoje em dia muito se discute sobre o sangue no candomblé, matança de animais os seus direitos, a vigilância sanitária pegando no pé dos zeladores, barracões, comércio de bichos entre outros.
O que alguns acabam se esquecendo é que muitas vezes eles tem razão, o povo exagera e se esquece que o orixá é muito mais humilde, um fato tem que ser lembrado: "O primeiro orixá feito no Brasil nasceu com apenas uma galinha de angola e um pombo". Porque então o sacrifício de tantos bichos nos dias de hoje?

Vou comentar uma conversa que tive há muitos anos com minha saudosa zeladora Olosaerú (in memoriun) quando a conheci:
Perguntei-lhe por que tanta coisa em uma feitura, tantas roupas, tantos bichos (cabritos, angolas, pombos, patos, galos, frangos...). Sua resposta foi a mais sábia que eu já ouvi em toda a minha vida dentro do orixá:


- O orixá não precisa de nada disso, nem ao menos de tantos bichos, se Ogum quer comer é só dar-lhe um galo e ele já fica satisfeito, pronto para abrir todos os seus caminhos, não é a quantidade de bichos que se dá, mas sim a forma que se dá, um prato de arroz e feijão sustenta muito mais que um banquete, quando bem feito de coração, esse sim tem as bençãos de todos os orixás e Olorum (Deus). O principal é o fundamento que se usa no orixá é o que vem da terra, da natureza, da vida e das folhas é o melhor alimento para o orixá e para nós.

O candomblé usa muitos bichos só para ter muita carne para dar de comer ao povo que vem para as festas e não para satisfazer o orixá. Antigamente se comia uma ceia muito mais simples, por uma questão até de tradição aos nossos antepassados ( escravos que trouxeram o orixá para a nossa terra), um angú, um mungunzá, paçoca de pilão, farofa d'gua, eram comidas simples de tradição e respeito, essa sim era a verdadeira ceia do povo de orixá.




O verdadeiro sangue usado pelos nossos ancestrais na África era o primeiro *ejéewe, feito com as folhas colidas na hora certa, depois de todas as oferendas feitas a Pai Ossae, isso era mais importante do que o sangue dos bichos.



Depois desta explicação, comecei a rever os meus conceitos, e ao longo de minha vida, fui      selecionando muito mais o que aprendi e realmente pratico.
                                                       AI OJÚ ATÍ  EJÉEWE
                         ( TERRA ABRA OS OLHOS SOBRE O SANGUE VERDE)

CANDOMBLÉ NO BRASIL, RELIGIÃO OU FOLCLORE?

                 Já ouvi muitas vezes essa pergunta ou comentário.

  Muitos de nós buscam o reconhecimento religioso por seguir o nosso sacerdócio a sério, só que infelizmente a coisa não é bem assim. A sociedade religiosa, o governo e muitos da população não reconhecem o candomblé como religião, o governo nos dá alguns diretos mas não são os mesmo dados as outras, e isso demonstra um preconceito, privação e um falso reconhecimento, também uma desunião de nossa parte. Alguns estudos apresentados por algumas faculdades, universidades e até mesmo órgãos do governo descrevem o nosso candomblé "como uma expressão cultural do nosso folclore" com suas danças, roupas, comidas e costumes populares. Até mesmo no *concilio religioso do Brasil o candomblé não tem cadeira e representação, todas as outras tem por que nós não?
  Então resumindo nem mesmo as outras religiões não nos reconhecem, não temos políticos que lutem para os nossos direitos.
Precisamos nos unir para termos algum direito de verdade, a palavra yorubana "ORÒ" tem vários significados um deles é UNIÃO, então"OMO ORÒ"... ( IRMÃOS UNIÃO)




Fica ai uma pergunta: O Candomblé é uma religião ou folclore?
O candomblé nos moldes que conhecemos só existe no Brasil, em outros lugares que o orixá é cultuado seguem outros modelos bem diferentes do nosso, " O NOSSO CANDOMBLÉ É ÚNICO", e NÃO é FOLCLORE!!! 
Obs: Essa é minha opinião e a sua? Qual é a sua?   

PAI E MÃE DE SANTO? O POR QUE?


O termo pai de santo ou mãe de santo surgiu popularmente por conta da repressão que os negros sofreram com a imposição religiosa durante a escravidão, os escravos tinham de esconder os seus Deuses e começaram a colocar junto aos assentamentos de seus orixás imagens de santos católicos. Os zeladores ai passaram a ser chamados de pais e mães de santo. O pai ou a mãe de santo é a autoridade máxima dentro de uma casa de candomblé. 










Eles são escolhidos pelos próprios Orixás, para que os cultuem na terra. Os orixás os induzem a isto, fazem com que as pessoas por eles escolhidas sejam naturalmente levadas à religião, até que preparem durante anos para que assumam o cargo para o qual estão destinadas. Uma pessoa não pode optar se quer ou não ser um Pai ou Mãe de Santo se não acontecer durante sua vida fatos que a levem a isto. São pessoas que de alguma forma são iluminadas pelos Orixás para que cumpram seu destino. 


Hoje infelizmente alguns se tornam pais e mães se preparação alguma ou sem ser escolhida pelo orixá. Existem pessoas que nasceram para o orixá e pessoas que apenas são feitas de orixá.












Os Pais e Mães de Santo, normalmente, são donos de uma roça (termo também usado por conta do trabalho que os negros exerciam), ou seja, um lugar onde estão plantados todos os assentamentos no qual os Orixás são cultuados feitos as oferendas.
 Dentro da roça existe o barracão (denominado por causa dos negros que antigamente moravam em barracões), que é o lugar em que são feitos os grandes cerimônias, festas (oferendas), e iniciações para os orixás. 

OMULU É PAI...

Nessa época do eu sempre me lembro de um fato curioso que vi e vivi...
Em meados de junho de de 96 eu estava na casa de minha zeladora quando decidimos que iríamos tocar o primeiro olubajé da do barracão que era recém inaugurado, só que não tínhamos ninguém de omulú na casa, então fomos pedir a um irmão de de minha zeladora, em uma reunião de familia na casa de meu avô,pedimos para que ele(ysanbu)se vestiria seu pai omulú em nossa casa ele aceitou e todos ali se admiraram, nós não entendemos o por que mas tudo bem, ao decorrer da conversa ele (ysanbu)começou a impor suas condições ele nós impôs assim: teríamos de fazer-lhe três roupas novas para omulú, para o toque seria somente convidado que ele quisesse, a comida seria a que ele escolhece, a bebida, e outros absurdos que nem vale a pena. Saímos de lá arrasado mas já tínhamos feito o convite e não dava para voltar atrás. Começamos todos os preparativos e os dias iam se passando.
Estava em casa alguns dias depois quando uma mulher com duas crianças bateu a minha porta e me pediu ajuda estava com fome, e muito cansada eu mandei entrar e dei de comer a ela e as crianças e enquanto isso conversamos e ela me contou a sua historia...
Ela viuva saiu a alguns meses de Bragança Paulista, pois morava com a sua sogra (de religião protestante) por que ela era feita de orixá depois de casada se afastou de tudo para não ter atrito, e depois que seu marido faleceu ela a pós na rua com as crianças,sem familia, emprego ou condições alguma sai a vagar pelas ruas com seus filhos sem destino. Até que chegou a Suzano e ao passar em frente a minha casa resolveu pedir ajuda ao ver que ali era uma casa de orixá. Eu não preciso dizer que orixá ela é!
Acolhi aquela mulher com suas crianças em pois não podia deixa-la na rua,ela me pediu que a ajudasse o que eu podia fazer!
Alguns dias depois Omulú virou e se jogou aos meus pés,também me pedindo ajuda! Joguei os búzios, vi o que precisava ser feito, conversei com minha zeladora e decidimos dar-lhe obrigação pois ela estava fazendo três anos de feita e só tinha tomado um ano todos na casa se mobilizaram para ajuda-la, eu e minha zeladora conversávamos sobre aquela historia,ela me dize: que ironia do destino isso! A recolhemos e sua saída seria no olubajé, por mais irônico o irmão de santo da minha zeladora nos liga uma semana antes e nos dias que não poderia mais vestir omulú na nossa casa porque ele teria que viajar a trabalho para outro estado um dia antes do toque e não daria para voltar a tempo...
O olubajé saiu que foi uma maravilha, com muitos convidados, sem exceção alguma com uma simplicidade e muita ponpa que até nos surpreendeu. Por que omulú e pai...
Hoje Dora minha irmã com quatorze anos de santo, se casou de novo com o ogã Tologum, mora em Jacareí, a onde tem sua casa de orixá, vive com seus filhos e é muito feliz...
Por que Omulú é Pai...

AGOSTO MÊS DE OMULÚ






E o mês consagrado a este orixá, que tem culto muito popular aqui no Brasil, com algumas variações de região para região, mas em comum todos pedem muita saúde...







Omulú  é o orixá da humildade, senhor da doença, médico dos médicos, durante o dia  vem em forma de cura, sanando todos aqueles que necessitam, à noite vem como a morte, recolhendo os que de alguma forma chegou a hora. 



Filho de Oxalá com Nanã, Omulu era dotado de uma grande criatividade e timidez, foi o precursor da caridade, da humildade e do desapego material. Foi um grande pensador que andava pelos reinos semeando a sabedoria. 





Filho de Nanã – que abandou por ser doente – foi criado por Iemanjá a pedido de Odúdua (sua avó que não tinha representação corporal terrena). É o irmão mais velho de Ossãe, Oxumarê, Ewá e Oyá. Orixá fundamentalmente Jeje, mas louvado em todas as nações, por sua importância.






Médico dos pobres, senhor absoluto de todas as doenças de pele e infecciosas. Protetor dos desamparados, humildes, doentes e médicos. Ele está presente em todas as enfermidades e sua invocação, nessas horas, pode significar a cura, a recuperação da saúde.







Dia: segunda-feira
Data: mês de agosto;
Metal: chumbo;
Cor: preto e branco  e ou preto, branco e vermelho;
Partes do corpo:  a pele e todos os órgãos vitais
Comida: doburú  (pipoca), abará, abadô (amendoim pilado e torrado), Iatipá (folha de mostarda) e ibêrem (bolo de milho envolvido na folha de bananeira);
Arquétipo: sóbrios, reservados, generosidade destacada,  geniosos, independentes, teimosos, tendência ao masoquismo.
Símbolos: xaxará ou íleo (com que limpa as doenças e os males espirituais)








Então vamos cultuar-lo muito, pelo bem da saúde de todos, ele deve ser reverenciado com muito respeito por todos.  
Curtam e prestigiem os olubajés que estão sendo tocados em todas as casas de Axé.





                                                                            Atotó Ajuberú 
                                                                                   Atotó!!!

UM TOQUE DE CABOCLO...

Estive em um toque de caboclo na casa dos zeladores Aba Mavilegi, Ia Loguenan, Aba Obakinangifa e da Ekedi Janai de Oxum  no Itaim Paulista, a onde teve a presença de uma boa parte da elite de axé da região, muitos irmãos de axé, eram tantas pessoas que se eu for nomear todos vou pecar ao esquecer de alguém.O toque foi muito agradável, a recepção das pessoas da casa impecável, cordiais e muito atenciosas deixaram a todos muito a vontade.                                                                                                                                            O caboclo de Mavilegi uma figura ímpar, muito serio mas simpático,    dançou muito ao som dos tóres tocados muito bem pelos ogãs.

                                                                                                                                                                           
  
             Os Martin   de Obakinangifa e 
Loguenan eram também uma historia a parte, duas figuraças que vale a pena conhecer, os dois resgatam a tradição do culto a Martin que hoje esta cendo deixado de lado pelas casas de candomblé.                                                                                                                                                                                        
                 A festa foi da tarde a noite de domingo   (08/08/10) os zeladores cobriram seus convidados de atenção com simpatia após o toque todos se deliciaram com um jantar acompanhado de um churrasco.

FESTAS QUE TENHO O PRAZER DE PRESTIGIAR...

VOU COMENTAR COM VOCÊS SOBRE TODAS AS FESTAS QUE FOR CONVIDADO E ME FIZER PRESENTE.                                                                                                                           SOBRE AS CASAS,            RECEPÇÃO,           OS ZELADORES           E OS CONVIDADOS.
 PARA QUE TODOS POSSAM  CONHECER NOVAS CASAS                                                        E INTERAGIR COM OS IRMÃOS DE AXÉ. 
APROVEITEM PARA IR           CONHECER ESSAS CASAS,                                                                                              E TEREM SUAS OPINIÕES,                                                                                                                                                                       EXPANDIR NOVOS HORIZONTES...